quarta-feira, 9 de setembro de 2009









Grafiteiro Trampo de Porto Alegre para o Mundo.




Trampo é um símbolo da resistência da Cultura de Rua e um dos Grafiteiros mais respeitados do Rio Grande do Sul. Pessoa articulada, inteligente e extremamente criativa, seus traços em preto e branco e desenhos são facilmente identificáveis, como uma marca registrada do artista.Luis Flávio “Trabalho”, ou simplesmente “Trampo”, como é mais conhecido, nasceu em Porto Alegre, no ano de 1972. Skatista desde 1986, participou dos melhores e mais importantes campeonatos da região na década de 80, época em que começa a fazer seus primeiros rabiscos urbanos. Na década de 90, fez parte de grupos que deram os primeiros passos na Cultura de Rua porto-alegrense. Em 2000, fez uma viagem para expor e pintar na cidade de Dusseldorf, na Alemanha. Desde então, realizar exposições e dar palestras em encontros já fazem parte de sua rotina. Ainda assim, sua ligação com o Skate ainda é bastante forte. Inclusive, na última etapa do circuito Qix AM 2006, pintou e colou arte por tudo, além de aplicar seus stêncils nas lixas dos skates da galera. Ele também tem participação nos vídeos “Skatismo #1 e #2” e na parte visual do “DVD Qix Am Contest 2006”.

Trampo comenta sobre como começou, quais suas inspirações e também fala sobre pichação, Cultura Hip-Hop e muito mais. Boa leitura.

Meu inicio foi da forma mais natural. Eu tinha como principal referência as ruas de Porto Alegre, ou melhor, o bairro Bom Fim, que na década de 80 era um lugar onde aconteciam os encontros. Foi lá o inicio de tudo. Isso tudo em 1986. É bom deixar claro que nessa época o forte era se manifestar pichando muros.


Minhas principais inspirações sempre foram as ruas e o Skate. O cotidiano oferece muita coisa legal. A cidade também sugere muitas possibilidades para inspiração, seja a arquitetura ou as pessoas. Tudo é fundamental para um artista urbano. A referência dos muros também é muito importante. Porto alegre sempre teve um jeito bem peculiar de intervir nas ruas. Seja protesto ou vandalismo, tudo entra na memória. O Sérgio José Toniolo sempre deixou suas marcas pela cidade. Uma coisa que poucos moradores de Porto Alegre sabem é que o Toniolo é um ex-escrivão da policia que através dos muros deixou seu manifesto solitário desde 1983, denunciando abuso policial e judiciário. Ele é um ícone que a maioria dos Grafiteiros brasileiros respeita.



O Graffiti é uma obra de arte sem apego. Ela é efêmera na maioria das vezes. Sendo assim, o registro fotográfico tem um papel muito importante nesse tipo de arte. Na maioria das vezes o que vai eternizar a obra é a memória da cidade, a lembrança do cotidiano ou simplesmente uma fotografia. Há mais de 25 anos o Graffiti vem sendo registrado em fanzines, revistas, cinema e hoje existem sites e grandes publicações, livros e catálogos, que tem papel de imortalizar uma arte na maioria das vezes condenada pela ação do tempo.



A Cultura Hip-Hop é muito ampla e contagiante por todos os cantos do mundo. A forma com que a cultura se espalhou pelo mundo foi mágica, um fenômeno, pois não se tinha grandes referências dessa cultura. Foi nas publicações, no cinema e através da música Rap que a coisa se espalhou, contagiando simpatizantes e militantes pelo mundo afora. Minha afinidade com essa cultura é natural, pois eu vivo na rua e ela me oferece a cultura. A projeção do Graffiti pelo mundo, na minha opinião, se dá pela invasão consciente e inconsciente do espaço público.



Muitas vezes isso é necessário para dar uma nova direção na arte de cada país, de cada Grafiteiro. Foi a mídia que fez isso de dizer que o Graffiti pertence a Cultura Hip-Hop. Isso é equivocado, pois se tem muitas referências e direcionamentos diferentes hoje em dia. Muitos artistas, que dão esse tipo de depoimento, tentam formar novas opiniões a respeito da arte de intervir nas ruas. A forma de pintar de Nova York, por exemplo, é clássica, se repete e é citada por todos os cantos do mundo. A caligrafia, a forma de usar o spray, sempre vai ter a citação do clássico. Tem um detalhe que é legal falar: cada artista tem um perfil e é isso que vai fazer a coisa dar novos passos para uma forma cada vez mais original e natural de Graffiti.

Tudo é muito imprevisível. Eu só sei que quero dar mais chance ao meu trabalho pessoal e fazer novas amizades com artistas ao redor do mundo.


Saiba mais:



Nenhum comentário:

Postar um comentário