segunda-feira, 28 de setembro de 2009

ZUMBI DOS PALMARES


O Quilombo dos Palmares (localizado na atual região de União dos Palmares, Alagoas) era uma comunidade auto-sustentável, um reino (ou república na visão de alguns) formado por escravos negros que haviam escapado das fazendas, prisões e senzalas brasileiras. Ele ocupava uma área próxima ao tamanho de Portugal e situava-se onde era o interior da Bahia, hoje estado de Alagoas. Naquele momento sua população alcançava por volta de trinta mil pessoas.
Zumbi nasceu em Palmares, Alagoas, livre, no ano de 1655, mas foi capturado e entregue a um missionário português quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado 'Francisco', Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa. Apesar destas tentativas de aculturá-lo, Zumbi escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de origem. Zumbi se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando chegou aos vinte e poucos anos.
Por volta de 1678, o governador da Capitania de Pernambuco cansado do longo conflito com o Quilombo de Palmares, se aproximou do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz. Foi oferecida a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita, mas Zumbi rejeitou a proposta do governador e desafiou a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa, Zumbi tornou-se o novo líder do quilombo de Palmares.
Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a capital de Palmares foi destruída e Zumbi ferido. Apesar de ter sobrevivido, foi traído por Antonio Soares, e surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos). Apunhalado, resiste, mas é morto com 20 guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada e levada ao governador Melo e Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça pública, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.
Em 14 de março de 1696 o governador de Pernambuco Caetano de Melo e Castro escreveu ao Rei: "Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares."
Zumbi é hoje, para determinados segmentos da população brasileira, um símbolo de resistência. Em 1995, a data de sua morte foi adotada como o dia da Consciência Negra. É também um dos nomes mais importantes da Capoeira.




A POLÊMICA DA ESCRAVIDÃO PELAS MÃOS DE ZUMBI



Alguns autores levantam a possibilidade de que Zumbi não tenha sido o verdadeiro herói de Palmares e sim Ganga-Zumba:
"Os escravos que se recusavam a fugir das fazendas e ir para os quilombos eram capturados e convertidos em cativos dos quilombos. A luta de Palmares não era contra a iniqüidade desumanizadora da escravidão. Era apenas recusa da escravidão própria, mas não da escravidão alheia.[...]"



Segundo alguns estudiosos Ganga Zumba teria sido assassinado, e os negros de Palmares elevaram a categoria de chefe, Zumbi:
"Depois de feitas as pazes em 1678, os negros mataram o rei Ganga-Zumba, envenenando-o, e Zumbi assumiu o governo e o comando-em-chefe do Quilombo"
Seu governo também teria sido caracterizado pelo despotismo:
"Se algum escravo fugia dos Palmares, eram enviados negros no seu encalço e, se capturado, era executado pela ‘severa justiça’ do quilombo"


PARA VOCÊ ENTENDER MELHOR:


Mais ou menos em 1600: negros fugidos do trabalho escravo nos engenhos de açúcar, onde hoje são os estados de Pernambuco e Alagoas no Brasil, fundam na serra da Barriga o Quilombo dos Palmares. Os quilombos, eram povoados de resistência, seguiam os moldes organizacionais da república e recebiam escravos fugidos da opressão e tirania. Para muitos era a terra prometida, um lugar para fugir da escravidão. A população de Palmares em pouco tempo já contava com mais de 3 mil habitantes. As principais funções dos quilombos eram a subsistência e a proteção dos seus habitantes, e eram constantemente atacados por exércitos e milícias.
*1630: Começam as invasões holandesas no nordeste brasileiro. O que desorganiza a produção açucareira e facilita as fugas dos escravos. Em 1644, houve uma grande tentativa holandesa de aniquilar com o quilombo de Palmares, que como nas investidas portuguesas anteriores, foi repelida pelas defesas dos quilombolas.
*1654: Os portugueses expulsam os holandeses do nordeste brasileiro.
*1655: Nasce Zumbi, num dos mocambos de Palmares, neto da princesa Aqualtune.
*Por volta de 1662 (data não confirmada): Criança ainda, Zumbi é aprisionado por soldados portugueses e levado a Porto Calvo, onde é "dado" ao padre jesuíta António Melo. Este o batizou com o nome de Francisco. Zumbi passou a ajudar nas missas e estudar português e latim.
*1670: Zumbi aos quinze anos de idade foge e regressa a Palmares. Neste mesmo ano de 1670, Ganga Zumba, filho da Princesa Aqualtune, tio de Zumbi, assume a chefia do quilombo, então com mais de trinta mil habitantes.
*1675: Na luta contra os soldados portugueses comandados pelo Sargento-mor Manuel Lopes, Zumbi revela-se grande guerreiro e organizador militar. Neste ano, a tropa portuguesa comandada pelo Sargento-mor Manuel Lopes, depois de uma batalha sangrenta, ocupa um mocambo com mais de mil choupanas. Depois de uma retirada de cinco meses, os negros contra-atacam, entre eles Zumbi com apenas vinte anos de idade, e após um combate feroz, Manuel Lopes é obrigado a se retirar para Recife. Palmares se estendia então da margem esquerda do São Francisco até o Cabo de Santo Agostinho e tinha mais de duzentos quilômetros de extensão, era uma república com uma rede de onze mocambos, que se assemelhavam as cidades muradas medievais da europa, mas no lugar das pedras haviam paliçadas de madeira. O principal mocambo, o que foi fundado pelo primeiro grupo de escravos foragidos, ficava na Serra da Barriga e levava o nome de Cerca do Macaco. Duas ruas espaçosas com umas 1500 choupanas e uns oito mil habitantes. Amaro, outro mocambo, tem 5 mil. E há outros, como Sucupira, Tabocas, Zumbi, Osenga, Acotirene, Danbrapanga, Sabalangá, Andalaquituche.
*1678: A Pedro de Almeida, governador da capitania de Pernambuco, mais interessava a submissão do que a destruição de Palmares, após inúmeros ataques com a destruição e incêndios de mocambos, eles eram reconstruídos, e passou a ser economicamente desinteressante, os habitantes dos mocambos faziam esteiras, vassouras, chapéus, cestos e leques com a palha das palmeiras. E extraiam óleo da noz de palma, as vestimentas eram feitas das cascas de algumas árvores, produziam manteiga de coco, plantavam milho, mandioca, legumes, feijão e cana e comercializavam seus produtos com pequenas povoações vizinhas, de brancos e mestiços. Sendo assim o governador propôs ao chefe Ganga Zumba a paz e a alforria para todos os quilombolas de Palmares. Ganga Zumba aceita, mas Zumbi é contra, não admite que uns negros sejam libertos e outros continuem escravos. Além do mais eles tinham suas próprias Leis e Crenças e teriam que abrir mão de sua cultura.
*1680: Zumbi assume o lugar de Ganga Zumba em Palmares e comanda a resistência contra as tropas portuguesas. Ganga Zumba morre assassinado com veneno.
*1694: Domingos Jorge Velho e Bernardo Vieira de Melo comandam o ataque final contra a Cerca do Macaco, principal mocambo de Palmares e onde Zumbi nasceu, cercada com três paliçadas cada uma defendida por mais de 200 homens armados, após 94 anos de resistência, sucumbiu ao exército português, e embora ferido, Zumbi consegue fugir.
*1695, 20 de Novembro: Zumbi foi traído e denunciado por um antigo companheiro, ele é localizado, preso e degolado aos 40 anos de idade. Zumbí ou "Eis o Espírito", virou uma lenda e foi amplamente citado pelos abolicionistas como herói e mártir.



terça-feira, 22 de setembro de 2009

NEGO PREGO


Nego Prego em entrevista exclusiva ao arte da rua relata com exclusividade seu show em São Paulo.e nos fala um pouco sobre sua trajetoria no rap.





ARTE DA RUA - Quando foi seu primeiro contato com o rap?


entaum meu primeiro contato com o rap foi em 1998 no antigo movimento zona leste.


ARTE DA RUA - E no rap, quem foram suas inspiraçoes?


minhas inspirações foram ice t , nwa e racionais mc's.


ARTE DA RUA - qual o significa do termo “GUANGUEIROS” citado em seu rap?


Ganguero é o cara de gangue é os parceros que aprenderam nas ruas as coisas do mundão tais como o valor dos amigos e a lealdade.


ARTE DA RUA - Qual foi a sua maior conquista no Rap?


Minha maior conquista foram muitas ,em primeiro lugar foram os premios que não cabem na estanteque é as amizades que conquistei em outras quebradas e na minha propria quebrada coisa rara hoje por causa dos conflitos do tempo que uma rua não se entendia com a outra e as outras conquistas foram no decorer dos anos.e se não fosse o rap hoje eu não estaria aqui trocando essa ideia.

ARTE DA RUA - Experiência pessoal ainda é determinante para o seu rap?


Acho que não!Determinante no rap é ser verdadeiro


ARTE DA RUA - Depois do cd a máfia dos meninos cresceu a responsabilidade do nego prego? Poh vc não acha?


tipo tu tem a vida toda pra fazer o primeiro disco mas o segundo você tem muito menos tempo e outra se os cara que eu conquistei com esse disco nao gostarem no proximo foi tudo por agua baixo entao a responsa aumenta a cada dia.


ARTE DA RUA - Como você a cena do rap em Porto Alegre e no Brasil?


Eu vejo a cena em porto alegre de tal maneira as vezes crescente e em muitos momentos estacionada não vai nem pra frente nem pra tras mas isso é culpa nossa que prefirimos boicotar um ao outro so pelo prazer de ver o outro se dar mal quando isso acabar vamos ganhar muito no Brasil em geral tem alguns polos muitos fortes como Brasília , São Paulo e interior de SP e Belo Horizonte e deve ter oytros lugares muito louco que não conheçemos.




ARTE DA RUA - Que você pode relatar do seu recente show em São Paulo com os ícones do rap nacional?


Então foi um grande evento muito bem organizado , com a rapa participando do show e tipo pra nos daqui do sul foi uma abertura loka né pra cena tanto daqui quanto de la por que tambem não estava acontecendo eventos por la desse porte estou muito agradecido por ter participado.



ARTE DA RUA - Que menssagem você deixa para os guerreiros que estão iniciando no Rap?


Bom nao sou muito de dizer o que os cara tem que fazer ate porque cada cantor de rap tem suas ideias mas pra somar digo que a rapa que ta iniciando no rap e acha que o bagulho é gozolandia tão enganados procurem outro estilo que lhes proporcionem isso mas pros que tão por correr sejam bem vindo e não esqueçam o que vale é a raiz é a mensagem quando começar com uma linha e disserem que é desse jeito sigam ela por que senaão seram cobrados.



Agradecimentos:Agradeço ao blog pelo espaço e por mais esse veiculo de comuniçao e intreternimento e informaçao e agradeço aos parceros que admiram meu trampo ou que pelo menos respeitem e a rapa loka do rap e aos meu conterraneos de BONJA CITY " O SOL NASCE PRA TODOS MAS POUCOS DISFRUTARAM DA SOMBRA DA FIGUEIRA ".

sábado, 19 de setembro de 2009


Streetball é uma variação do basquetebol jogado geralmente em quadras abertas. Streetball é uma palavra da língua inglesa que significa "jogo de rua", ou seja, o desporto é basicamente um "basquete de rua".
No streetball, os jogadores chamados ballers, em vez de ter um rumo à cesta e chegar mais rápido à ela por meio da velocidade, usam freestyles com as mãos - chamadas handles ou moves, de forma menos competitiva e mais lenta.
Amantes do streetball preocupam-se, principalmente, em fazer mais moves do que cestas e preferem o jogo mais "bonito" do que disputado.

O termo "Streetball" não tem origem apenas no jogo conhecido como Street Basketball, mas também tem uma associação especial com a cultura da juventude. O esporte é conectado à imagem do gueto, que este tem ligação com a música (rap e hip hop). Esta associação deve-se provavelmente às raízes do Street Basketball, encontradas nos quintais de cidades grandes americanas, onde muitos jovens de comunidades mais pobres dos Estados Unidos vêem no esporte e no Streetball uma possibilidade maior e especial para um futuro melhor.

O primeiro grande ícone do Streetball foi o universitário Earl "The Goat" Manigault em meados da década de 50. Este malabarista das quadras de 1,89m, considerado por muitos o melhor jogador de basquetebol de todos os tempos, parecia desafiar a gravidade e será recordado sempre como uma lenda do esporte.

O basquete de rua dá ao jogador a liberdade de criar e improvisar jogadas espetaculares. O streetball é a continuação do basquete de quadra, onde são valorizadas, principalmente, a habilidade e criatividade de cada atleta, ou seja, a altura não é fator indispensável, e sim a habilidade técnica e de improvisação de cada atleta. O basquete de rua dá ao jogador a liberdade de criar e improvisar jogadas espetaculares. Modalidade bastante comum nos Estados Unidos, os rachas ou peladas de basquete podem ser jogados em praças ou ruas de qualquer cidade do país, sempre embaladas pelo som do rap.
Com regras menos rígidas do que o basquete de quadra, o basquete de rua pode ser jogado com qualquer tipo de formação; desde o um contra um até o 5 contra 5. No entanto, entre as disputas mais comuns está o 3 contra 3, que é o torneio mais conhecido no Brasil.

Carro-chefe do Streetball no mundo, a AND1 promove desde o ano 2000, turnês anuais com uma verdadeira seleção de fenômenos do basquete de rua. Além de percorrer inúmeras cidades norte-americanas, a AND1 já desfilou o talento de vários atletas como Skip to My Lou, Tru Baller, Hot Sauce, Helicopter, Headache, e The Professor por países da Europa, Ásia e Oceania. É do Harlem que vem a força do street.
O time do Harlem Renaissance rodou os EUA desafiando os vários times, tornou-se referência. Na liga norte-americana encontra-se jogadores com características do street, entre eles o famoso atleta Allen Iverson. Além da AND1, existem outros grupos de peso mundo a fora, principalmente na França e no Canadá. A francesa Slam Nation agrega uma série de jogadores europeus e africanos com a agilidade e versatilidade impressionante, produzindo verdadeiros malabaristas do basquete.









LANCEIROS NEGROS



Lanceiros Negros é o nome dados à dois corpos de lanceiros constituídos, basicamente, de negros livres ou de libertos pela República Rio-Grandense que lutaram na Revolução Farroupilha. Possuíam 8 companhias de 51 homens cada, totalizando 426 lanceiros .
Tornou-se célebre o 1.º Corpo de Lanceiros Negros organizado e instruído, inicialmente, pelo Coronel Joaquim Pedro, antigo capitão do Exército Imperial, que participara da Guerra Peninsular e se destacara nas guerras platinas. Ajudou, nesta tarefa, o Major Joaquim Teixeira Nunes, veterano e com ação destacada na Guerra Cisplatina. Este bravo, à frente deste Corpo de Lanceiros Negros, libertos, prestaria relevantes serviços militares à República Rio-Grandense.

Recrutamento dos Lanceiros Negros

O Corpo de Lanceiros Negros era integrado por negros livres ou libertados pela Revolução e, após, pela República, com a condição de lutarem como soldados pela causa..
O 1.º Corpo foi recrutado, principalmente, entre os negros campeiros, domadores e tropeiros das charqueadas de Pelotas e do então município de Piratini (atuais Canguçu, Piratini, Pedro Osório, Pinheiro Machado, Herval, Bagé, até o Pirai e parte de Arroio Grande).
Armamento Individual


Excelentes combatentes de Cavalaria, entregavam-se ao combate com grande denodo, por saberem, como verdadeiros filhos da liberdade, que esta, para si, seus irmãos de cor e libertadores, estaria em jogo em cada combate. Manejam como grande habilidade suas armas prediletas - as lanças. Estas, por eles usadas mais longas do que o comum. Combinada esta característica, com instrução para o combate e disposição para a luta, foram usados como tropas de choque, uso hoje reservado às formações de blindados. Por tudo isto infundiram grande terror aos adversários. Eram armados também com adaga ou facão e, em certos casos, algumas armas de fogo em determinadas ocasiões.
Como lanceiros não utilizavam escudos de proteção, mas sim seus grosseiros ponchos de lã - bicharás, que serviram-lhes de cama, cobertor e proteção do frio e da chuva. Quando em combate a cavalo, enrolado no braço esquerdo, o poncho (bichará) servia-lhes para amortecer ou desviar um golpe de lança ou espada. No corpo a corpo desmontado, servia para aparar ou desviar um golpe de adaga ou espada em cuja esgrima eram habilíssimos, em decorrência da prática continuada do jogo do talho, nome dado pelo gaúcho à esgrima simulada com faca, adaga ou facão.
Alguns poucos eram hábeis no uso das boleadeiras como arma de guerra, principalmente para abater o inimigo longe do alcance de sua lança, quer em fuga, quer manobrando para obter melhor posição tática.

De peões a guerreiros

Eram rústicos e disciplinados. Faziam a guerra à base de recursos locais, Comiam se houvesse alimento e dormiam em qualquer local, tendo como teto o firmamento do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A maioria montava a cavalo quase que em pêlo, a moda charrua.
Vestuário ou Uniforme

Seu vestuário era constituído de sandálias de couro cru, chiripá de pano grosseiro, um colete recobrindo o tronco e na cabeça uma vincha (braçadeira) vermelha símbolo de República.
Como esporas improvisavam uma forquilha de madeira presa ao pé com tiras de couro cru. Esta espora farroupilha acomodava-se ao calcanhar e possuía a ponta bem afiada. Alguns poucos usavam calças, cartola e chilenas (esporas), como o imortalizado em pintura no Museu de Bolonha, Itália.
Lanceiros Negros na Expedição de Laguna

Parte do 1.º Corpo de Lanceiros Negros participou da expedição a Laguna, ao comando de David Canabarro, que teve como comandante de vanguarda o tenente-coronel Joaquim Teixeira Nunes com seus Lanceiros Negros.
A retirada dos farroupilhas de Laguna para o Rio Grande do Sul, através de Lajes e Vacaria, contou com a presença de Teixeira Nunes, Giuseppe Garibaldi, Luigi Rossetti e Anita Garibaldi e foi assegurada por muitos valorosos Lanceiros Negros.
Surpresa dos Porongos

A Surpresa dos Porongos, ocorreu na localidade de Porongos, hoje parte do município de Pinheiro Machado. Em 14 de novembro de 1844, os Lanceiros Negros de Teixeira Nunes salvaram o desfecho da Revolução Farroupilha de um desastre total. Pelo modo como combateram, salvaram Canabarro e grande parte das tropas e tornaram possível a negociação de uma paz honrosa como e foi a de paz de Ponche Verde, e a liberdade para todos os negros e mulatos que lutaram pela República Rio Grandense. Ao final do combate o campo de batalha dos Porongos ficou juncado com 100 mortos farroupilhas.
Segundo descrição do historiador Canabarro Reichardt: Dentre eles 80 eram bravos Lanceiros negros de Teixeira Nunes. Com a surpresa em Porongos ,os farrapos, passados os primeiros momentos de estupor, recobram ânimo e se dispõem a morrer lutando. Teixeira, o Bravo dos bravos, cujo denodo assombrou um dia o próprio Garibaldi, reuniu os seus lanceiros negros. O 4º Regimento de Linha farrapo e alguns esquadrões desanimam quando os imperiais se multiplicam ,e surgem de todos os pontos. Uma segunda carga imperial e mais impetuosa é também repelida. E este foi o sinal da debandada farrapa geral. Em vão os chefes chamam os soldados ao dever, dando-lhes o exemplo. Nada os contêm e o Exército Farrapo como por encanto, se dissolve, arrastando consigo ainda os que querem lutar. Apenas alguns grupos mantêm-se resistindo e neles o combate se trava à arma branca. Tombam os lanceiros negros de Teixeira, brigando um contra vinte, num esforço incomparável de heroísmo.


O derradeiro combate


Em 28 de novembro de 1844, Teixeira Nunes e remanescentes de seu legendário Corpo de Lanceiros Negros travaram o último combate da Revolução em terras do Rio Grande do Sul, consta que em terras do atual município de Arroio Grande, berço do Visconde de Mauá.
A morte de Teixeira Nunes foi assim comunicada pelo então barão de Caxias, em ofício: Posso assegurar a V. Exa. que o Coronel Teixeira Nunes foi batido no campo de combate, deixando o campo, por espaço de duas léguas, juncando de cadáveres. Eram seguramente cadáveres de Lanceiros negros.
Teixeira Nunes foi um dos maiores lanceiros de seu tempo, e como uma ironia do destino teria caido mortalmente ferido por uma lança manejada pelo braço vigoroso do Alferes Manduca Rodrigues.

A Liberdade


Dos Lanceiros Negros restaram mais de 120, que após a paz de Ponche Verde foram mandados incorporar pelo Barão de Caxias aos três Regimentos de Cavalaria de Linha do Exército na Província.
O Império manteve suas liberdades na cláusula IV da Paz de Ponche Verde. São livres e como tais reconhecidos todos os cativos que serviram à República.
Cláusula respeitada por conta e risco pelo Barão de Caxias contrariando determinação superior de os recolher como escravos estatais para a Fazenda de Santa Cruz no Rio de Janeiro .
Caxias usou o seguinte expediente para não os enviar para o Rio. Considerou que eles haviam se apresentado livremente. E a seguir os libertou e os incorporou as três unidades de Cavalaria Ligeira do Exército Imperial no Rio Grande .E em Ponche Verde em D. Pedrito foram acolhidos pelos coronéis Manuel Marques de Sousa e Manuel Luís Osório comandantes de duas unidades de Cavalaria.
Dentre em breve iriam lutar na Guerra contra Oribe e Rosas, pela Integridade e Soberania brasileiras no Sul, ameaçadas por caudilhos platinos.
Homenagem

Foi também lembrando Teixeira Nunes e seus bravos lanceiros negros, que o acompanharam na expedição a Laguna, que Giuseppe Garibaldi escreveu: Eu vi batalhas disputadas mas nunca e em nenhuma parte homens mais valentes nem lanceiros mais brilhantes do que os da cavalaria rio-grandense, em cujas fileiras comecei a desprezar o perigo e a combater pela causa sagrada dos povos.
No Museu de Bolonha, Itália, existe um quadro do Lanceiro Negro Farroupilha, representa um dos célebres lanceiros negros farroupilhas que acompanharam Giuseppe Garibaldi e Luigi Rossetti no retorno de Santa Catarina, após o malogro da República Juliana

sexta-feira, 11 de setembro de 2009



GRAFITEIRO "BKR" BUKER






Essa entrevista foi feita com o grafiteiro buker de Canoas.Que vem trabalhando com a arte desde 2000.Agora ele vai nos contar melhor seu contato com a arte.






ARTE DA RUA-Conte-nos um pouco sobre a sua iniciação no Graffiti. Como tudo começou?

Bom. começo em meados do ano 2000, mas teve origem com a pichação como muitos por ae....


ARTE DA RUA-Quais ou quem são suas principais inspirações?
Minhas inspirações vem da minha familia principalmente, depois da musica e tambem meus sentimentos me inspiram o que eu vo coloca na parede...


ARTE DA RUA-Que tipo de afinidade você tem com a Cultura Hip-Hop?
grafite por ser um dos elementos do hip hop, existe uma grande afinidade, hip hop é lado a lado.


ARTE DA RUA-Dizem que a pichação é uma expressão que surgiu aqui no Brasil. Seria uma característica de país. Nos últimos tempos ela vem sendo exportada pro mundo, em especial para Europa. Afinal, na sua opinião, quando pichação é arte e quando é vandalismo? Que valor pode-se dar a Pichação?

A pichação pode ser considerado uma arte quando é usada para fazer um protesto que é uma arte de um povo que quer protesta de algo... Assim é o meio que essas pessoas tem para se expressar...''na minha opinião considero uma arte'', e o vandalismo é quando ocorre uma depredação publica de uma certa ''turma'' que prefere marcar territorio, sendo em predios, muros...atitudes totalmente ilegal, e por ser ilegal essa ''turma'' mata sua sede de adrenalina pichando e poluido visualmente cidades...Valor? da pichação, tenho um valor sim pois foi atraves dela que descobri o grafite.

ARTE DA RUA-Por fim, fale-nos de seus atuais trabalhos, o que pretende ainda realizar num futuro próximo e das possibilidades do Graffiti para o futuro, na sua opinião?
Atualmente estou com a ''associação canoense de hip hop'', no futuro quero fazer mais eventos de graffiti.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Você que esta em Porto Alegre nã percam Processo Coreográfo Regionallismo.Inicio as 18:30 ,Rua dos Andradas 1780 - 7° andar ensaio aberto e gratuito.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

PROJETO MENINO NA QUADRA LONGE DA RUA



Este projeto tem como fins resgatar os jovens da criminalidade das drogas e mostrar esses jovens que o esporte é uma porta aberta para o mundo!Trazendo os meninos para dentro das quadras evitamos que fiquem nas esquinas das comunidades fumando crack ou maconha, e realizando atos de violência oque é muito comum nos dias de hoje principalmente nas periferias onde a situaão de vida é muito sofrida e as oportunidades são poucas para os jovens .
Diferente de outros projetos esse é um projeto que trabalha diretamente com o basketball e a cultura hip-hop além disso ele tem um didática diferente que trabalha com um numero x de jovens e num período determinado, para poder assim levar a todos os bairros e cidades aonde as portas estiverem abertas!
Os jovens terão um acompanhamento em casa junto com o desempenho escolar e comportamento no colégio.
O basket e um esporte de auto disciplina e onde se tem um respeito supremo com seu treinador como não se tem em nenhum esporte.A cultura hip-hop desenvolve coordenação motora, atividades em grupo, incentivo a auto-estima do povo negro e conhecimento da cultura afro-brasileira;desenvolvimento das práticas esportivas e culturais nas comunidades.


O principal objetivo é levar o projeto ate os bairros de periferia e realizar fazer oficinas de basketball com crianças e adultos,meninos e meninas.
Unir o basketball com a cultura hip hop e assim fortificar o nosso movimento com os 4 elementos.Realizar atividades a interativas e integração de jovens de bairros diversos.
Organizar um calendário dentro da cidade etinerante para que todos sejam contemplados com as oficinas de basketball.


Exemplo:uma amostra de grafitti ,B.boy , basketball ,rap e performaces de dj's.As atividades nas escolas são acompanhadas de uma palestra educativa a respeito do esporte e do movimento hip-hop .


Marcelo Azuaga fundador desse, projeto era apenas mais um menino de periferia que não sabia se chagaria aos 21 anos.Então um belo dia ele conheceu um projeto em São Paulo na periferia de Itaquera ele tinha 9 anos de idade,ali foi seu primero contato com uma bola de basketball Como o Próprio Marcelo diz : Com o passar do tempo comecei a ver ali uma luz, ganhei bolça em escolas particulares ate chegar em times profissionais.Eu consegui chegar a seleção brasileira sub 17 de basketball mas por motivos físicos tive que parar profissionalmente.Então eu vejo para os jovens saída assim como foi pa mim .
Tenho amigos voluntários no projeto, que estão dispostos também a ajudar.
E vejo na minha experiencia na minha historia e tragetoria espelho e inspiração pa realizar novos sonhos.assim como um dia eu tinha o sonho de jogar profissionalmente ver outros sonhos mais se realizar.

Para realizar esse projeto estamos buscando parceiros que também encontram como alternativa na luta contra a violência e drogadição dos jovens, o apoio a projetos esportivos e culturais, conscientes de que esse papel também é responsabilidade da sociedade como um todo. Esse tipo de metodologia trabalha com ação voluntária, educação para a paz , co-autoria dos jovens, trabalho em grupo, e mais cria condições para a reflexão e desenvolvimento de habilidades e competências,
qualificando e fortalecendo a ação juvenil na sociedade.

mais informaçoes:











25 ANOS DE HACKERS CREW



Na foto, a equipe Hackers Crew. O ano: 1984.

"Em 1984, chega no sul do Brasil a moda intitulada pela grande mídia como ´break dance´, neste mesmo ano na zona leste de Porto Alegre, no bairro Lomba do Pinheiro surgia o grupo Hackers Break. Fundado por Volmir, André, e Tifoi, que iniciaram seus estudos copiando passos de revistas, Michael Jackson, entre filmes que passaram nos cinemas, como: Beat Street e Breaking. A Primeira apresentação do grupo foi numa casa chamada Fogo de Chão, no mesmo Bairro onde moravam os membros do grupo, na Lomba do Pinheiro."Este é um pequeno trecho da primeira parte da história da Cia de Dança Hackers Crew, que está comemorando 25 anos de existência este ano. O blog possui diversas imagens e se propõe a mostrar uma importante parte da história da Dança de Rua no Rio Grande do Sul.A Hackers Crew - formada por estudantes e pesquisadores das danças urbanas como Popping, Locking, B-Boying e Rocking - conta atualmente com seis dançarinos: Ted, Djan, Fran, Marselu, Latininho e William.

Racionais mc's


Na noite de 22 de agosto o grupo Racionais MC's escreveu mais uma página na história do Rap Nacional. O show foi no Sesc Santo André, na cidade de Santo Andé, no ABC Paulista. Ao chegar no local o público era recepcionado por uma grande faixa que anunciava que os ingressos para a apresentação já estavam esgotados. Pois é, show dos Racionais é assim, se você não correr, você perde.E quem compareceu pode ver uma performance com mais de duas horas dos Racionais Mc´s e Família Vida Loka, juntamente com os manos do Rosana Bronk´s.O show começou às 20h em ponto. Não houve atraso para arrumar o som, ja que os shows no Sesc sempre são bem organizados. O local é muito bom para a realização de eventos, o público fica bem acomodado. Com uma enorme faixa atrás do palco com rosto de palhaços escrito "Liga nóis 011", e com exibição para a Tv Sesc. Mano Brown entre uma música e outra soltava seu discurso contundente. Sobrou até espaço para tirar uma onda sobre time de futebol, a galera começou a jogar camisa de times no palco. O Ice Blue ficou feliz pois ele pediu uma camisa do Corinthians e apareceu umas 3. Mano Brown solicitou e logo apareceu umas 2 camisas do Santos. Dom Pixote, do Rosana Bronk´s, pediu uma do São Paulo, mas não apareceu e consequentemente a do Palmeiras também não. Acabou criando um clima de descontração muito engraçado no show.O Mano Brown citou que tem um amigo dele que chegou nele e disse "Ai mano, acho bem loko estes times da Europa, os caras têm muita grana, bem diferente dos nossos times aqui." Brown retrucou, "Você sabe por que eles têm muita grana? Por que ele vivem num país de 1º Mundo!Tudo isso foi possível ao ouro que eles roubaram do nosso país, chegaram pegaram nossa riqueza e levaram para a Europa, era para nosso país ser bem diferente".
Entre um discurso e outro, os Racionais mandaram um remix das músicas "Qual mentira vou acreditar" e "Estilo cachorro", um dos momentos altos do show foi quando o Mano Brown disse: - Vamos voltar no tempo, e começou o som do "Homem na Estrada" a galera local foi ao delírio e cantou até o fim!!!
Pra fechar com chave de ouro, Mano Brown e família puxaram o hit Vida Loka pt 2. E foi assim, com muito champagne para o alto que encerrou o show. Realmente, muito bom mesmo!!!
Devido a lei anti-fumo o local estava bem agradável, sem aquela fumaceira corriqueira, uma hora ou outra subia um cheirinho de erva, mas foram fatos isolados. Ao final nenhuma briga, todos indo embora na maior paz. Vale frizar que é muito boa esta parceria com os Racionais e o Sesc, pois ultimamente o grupo tem feito vários shows, Sesc Pompéia, Sesc de Franca, Sesc Santo André, e logo logo vem mais por aí.








Grafiteiro Trampo de Porto Alegre para o Mundo.




Trampo é um símbolo da resistência da Cultura de Rua e um dos Grafiteiros mais respeitados do Rio Grande do Sul. Pessoa articulada, inteligente e extremamente criativa, seus traços em preto e branco e desenhos são facilmente identificáveis, como uma marca registrada do artista.Luis Flávio “Trabalho”, ou simplesmente “Trampo”, como é mais conhecido, nasceu em Porto Alegre, no ano de 1972. Skatista desde 1986, participou dos melhores e mais importantes campeonatos da região na década de 80, época em que começa a fazer seus primeiros rabiscos urbanos. Na década de 90, fez parte de grupos que deram os primeiros passos na Cultura de Rua porto-alegrense. Em 2000, fez uma viagem para expor e pintar na cidade de Dusseldorf, na Alemanha. Desde então, realizar exposições e dar palestras em encontros já fazem parte de sua rotina. Ainda assim, sua ligação com o Skate ainda é bastante forte. Inclusive, na última etapa do circuito Qix AM 2006, pintou e colou arte por tudo, além de aplicar seus stêncils nas lixas dos skates da galera. Ele também tem participação nos vídeos “Skatismo #1 e #2” e na parte visual do “DVD Qix Am Contest 2006”.

Trampo comenta sobre como começou, quais suas inspirações e também fala sobre pichação, Cultura Hip-Hop e muito mais. Boa leitura.

Meu inicio foi da forma mais natural. Eu tinha como principal referência as ruas de Porto Alegre, ou melhor, o bairro Bom Fim, que na década de 80 era um lugar onde aconteciam os encontros. Foi lá o inicio de tudo. Isso tudo em 1986. É bom deixar claro que nessa época o forte era se manifestar pichando muros.


Minhas principais inspirações sempre foram as ruas e o Skate. O cotidiano oferece muita coisa legal. A cidade também sugere muitas possibilidades para inspiração, seja a arquitetura ou as pessoas. Tudo é fundamental para um artista urbano. A referência dos muros também é muito importante. Porto alegre sempre teve um jeito bem peculiar de intervir nas ruas. Seja protesto ou vandalismo, tudo entra na memória. O Sérgio José Toniolo sempre deixou suas marcas pela cidade. Uma coisa que poucos moradores de Porto Alegre sabem é que o Toniolo é um ex-escrivão da policia que através dos muros deixou seu manifesto solitário desde 1983, denunciando abuso policial e judiciário. Ele é um ícone que a maioria dos Grafiteiros brasileiros respeita.



O Graffiti é uma obra de arte sem apego. Ela é efêmera na maioria das vezes. Sendo assim, o registro fotográfico tem um papel muito importante nesse tipo de arte. Na maioria das vezes o que vai eternizar a obra é a memória da cidade, a lembrança do cotidiano ou simplesmente uma fotografia. Há mais de 25 anos o Graffiti vem sendo registrado em fanzines, revistas, cinema e hoje existem sites e grandes publicações, livros e catálogos, que tem papel de imortalizar uma arte na maioria das vezes condenada pela ação do tempo.



A Cultura Hip-Hop é muito ampla e contagiante por todos os cantos do mundo. A forma com que a cultura se espalhou pelo mundo foi mágica, um fenômeno, pois não se tinha grandes referências dessa cultura. Foi nas publicações, no cinema e através da música Rap que a coisa se espalhou, contagiando simpatizantes e militantes pelo mundo afora. Minha afinidade com essa cultura é natural, pois eu vivo na rua e ela me oferece a cultura. A projeção do Graffiti pelo mundo, na minha opinião, se dá pela invasão consciente e inconsciente do espaço público.



Muitas vezes isso é necessário para dar uma nova direção na arte de cada país, de cada Grafiteiro. Foi a mídia que fez isso de dizer que o Graffiti pertence a Cultura Hip-Hop. Isso é equivocado, pois se tem muitas referências e direcionamentos diferentes hoje em dia. Muitos artistas, que dão esse tipo de depoimento, tentam formar novas opiniões a respeito da arte de intervir nas ruas. A forma de pintar de Nova York, por exemplo, é clássica, se repete e é citada por todos os cantos do mundo. A caligrafia, a forma de usar o spray, sempre vai ter a citação do clássico. Tem um detalhe que é legal falar: cada artista tem um perfil e é isso que vai fazer a coisa dar novos passos para uma forma cada vez mais original e natural de Graffiti.

Tudo é muito imprevisível. Eu só sei que quero dar mais chance ao meu trabalho pessoal e fazer novas amizades com artistas ao redor do mundo.


Saiba mais:



KL JAY


Kleber Geraldo Lelis Simões é o DJ dos Racionais MC'S desde o começo do grupo, há 17 anos

FITA MIXADA “ROTAÇÃO 33”

Em entrevista sobre lançamento do novo trabalho e de outros projetos, KL Jay, DJ dos Racionais MC's, expressa sua opinião: “nenhuma geração foi tão empreendedora quanto a geração do hip hop”por Liliane Braga para a CarosAmigosA primeira vez em que estive em contato com KL Jay foi no show em homenagem ao rapper Sabotage após três meses de seu falecimento, em março de 2003. Algum tempo depois, nos sentamos em um restaurante para a nossa primeira entrevista. O que me impulsionou a falar com ele ao fim daquele show foi um depoimento seu: “DJs têm que ouvir música brasileira, não apenas rap”.Eu ainda não havia ido a Cuba, lugar que visitei algumas vezes daquele ano para cá, e com o qual foi estabelecida uma proposta de intercâmbio. Por duas vezes, KL Jay esteve envolvido no projeto que tinha por intenção ajudar raperos e raperas da ilha caribenha a desenvolverem elementos do hip hop ainda tímidos por lá – caso do DJ.Contatos realizados nesse período aguçaram o desejo de realização desta matéria. A filipeta de divulgação anunciando o lançamento da mix mape de KL Jay me foi trazida por uma amiga. O folheto-miniatura ficou pregado à geladeira por meses... Fita mixada “Rotação 33”. Participantes: Gaspar (Z´África Brasil), Max B.O., Parteum, Kamau, a dupla Andrômeda (MCs Phantone e Indião), Aori, Lívia Cruz e De Leve (os últimos três, do Rio de Janeiro).Em uma das festas em que discotecava, anunciei a ele a minha intenção. Alguns dias depois, uma cópia do CD da mix tape chegava até mim. O DVD, já tinha visto na Mostra de Cinema Hip Hop de São Paulo, organizada pelo Sesc, em agosto de 2007.“Mix tape” é uma seleção musical em que o DJ escolhe partes das músicas que quer usar e em que momento quer interrompê-las para que sejam mixadas com outra música. Para que essa ação fique harmônica, o/a DJ utiliza-se das diversas técnicas desse elemento do hip hop, como os scratches e o back-to-back (movimento em que o vinil parece ser arranhado e que possui diferentes modalidades e momentos em que o DJ volta uma ou mais vezes a um trecho já tocado da música utilizando-se de dois discos iguais).“Hoje eu faria mais dinâmico, mais rápido. Com mais cortes, mais idéias, com mais dificuldade, na hora das trocas de discos, da passagem de som”, ele se auto-avalia, durante a conversa que realizamos no dia 21 de dezembro, uma sexta-feira, na Galeria 24 de Maio (centro de São Paulo). Para quem ouve a gravação, há que fazer um esforço para ficar parado. Para quem assiste à performance, difícil é despregar os olhos da troca de vinis nos toca-discos, da precisão da agulha tocando o pedaço escolhido da faixa, dos feltros de proteção dos discos que se grudam às bolachas na hora errada... Nos momentos de mais fôlego entre uma troca e outra de vinil, é possível curtir a empolgação do DJ, soltando o corpo para acompanhar a batida, cantando junto a letra que sai das caixas de som.Algumas das batidas selecionadas e mixadas por KL Jay foram completadas por versos de nove MCs diferentes (as já citadas “participações”). Na performance ao vivo, as performances dos MCs têm que acontecer de forma cronometrada, sincronizada com a atuação do DJ. Acompanhando o CD, a imagem que me vem é a de um compositor que faz a harmonia utilizando-se de dois toca-discos e um mixer e convida letristas-cantores para parcerias quanto à parte melódica. Nos trechos de “trabalho solo”, KL Jay imprimiu a marca de seus “desenhos” musicais a raps cheios de balanço de nomes como Xis, MV Bill, RZO, Sabotage, SP Funk, SNJ, Rota de Colisão, GOG, Slimrimografia, 509-E... A opção foi usar apenas rap nacional em um trabalho que, nas palavras do próprio, envolveu muita pesquisa. Tanto para a escolha das músicas como dos trechos usados – por exemplo, um trecho instrumental que sobra de uma música pra outra.Foram cerca de 17 anos de estrada como DJ para que Kleber Geraldo Lellis Simões, 38 anos, encarasse o desafio de fazer uma mix tape (diferente das fitas artesanais gravadas no período em que dava som na boate Soweto). Antes dela, ele lançou um único trabalho solo, o CD duplo “KL Jay na batida – volume III”, em 2004.Em suas palavras, foi quando começou a treinar para a gravação que se deu conta de que era capaz de fazê-la. As três apresentações ao vivo da fita mixada demonstram a empolgação do público em acompanhar detalhes na apresentação do DJ, ovacionado nos momentos de mais dificuldade ou de improvisos (há clipes da mix tape no site Youtube). Foram uma apresentação no Rio, duas em São Paulo. A última delas dois dias depois dessa entrevista, durante a final do Hip Hop DJ 2007, campeonato organizado há 11 anos por KL Jay e Xis. Na última edição do evento, Erick Jay e RM, ambos do Clã Leste, conquistaram o primeiro e o segundo lugares respectivamente, pelo segundo ano consecutivo. Foi com eles que conversei para saber um pouco mais do papel da competição na cena hip hop brasileira.Desempregado, começou a treinarNas finais do Hip Hop DJ, é perceptível a presença de familiares dos competidores. Nos diferentes espaços onde já foram realizadas etapas da competição, a proibição de venda de bebida alcoólica é uma prerrogativa. Naquele dia, depois de competir com outros dez finalistas, Erick Jay levou para casa um par de pick-ups (toca-discos) avaliados em cerca de R$ 2000,00. Antes da vitória atual, o rapaz de 27 anos treinava na casa do “professor” Zulu, da Nação Zulu e fundador do Clã Leste. Às vezes, iam para a casa do outro parceiro, RM. Montavam as performances e mostravam uns aos outros. Por muitos meses, Zulu abriu o portão de sua casa ao aluno às 7h da manhã, que só ia embora 12 horas depois. Boa parte dos discos usados para o treino eram emprestados. E é preciso muito treino... A arte dos scratches – que podem chegar a 100 tipos diferentes, segundo o DJ filipino-estadunidense Qbert – nunca se esgota.Atualmente com um salário de menos de R$ 500 mensais, Erick demoraria muito para poder adquirir toca-discos iguais aos do 1º lugar da premiação - a sobra do salário também precisa ser guardada para a compra das agulhas extras, usadas para treinar e discotecar em festas, e que custam R$ 90 cada.Duas semanas após o fim do campeonato, Erick me recebeu em sua casa, acompanhado de Zulu e RM, os companheiros do que é o primeiro time de DJs do Brasil, cuja proposta é treinar conjuntamente para aperfeiçoar as performances individuais, além de atuar em apresentações coletivas no palco. Pergunto a ele o que significa o Hip Hop DJ em sua vida: “por causa do Hip Hop DJ, eu quis me tornar DJ. Ia ao campeonato e dizia a mim mesmo: quero treinar para ser DJ e um dia chegar à final desse campeonato”. Entre a meta auto-proposta e o fato, passaram-se cerca de seis anos. Erick estava desempregado quando começou a treinar. Mesmo com 2º grau completo e vários cursos complementares (informática, matemática financeira, sonoplastia...), ele ficou cerca de cinco anos sem conseguir emprego. De 2003 a 2005, acordava às 4h da manhã para entregar folhetos promocionais do comércio da região onde mora, no Sapopemba. Aos fins-de-semana, pegava latinhas vazias para vender. Pergunto a Erick se acha que o mercado de trabalho é mais difícil para ele pelo fato de ser negro. “Com certeza! Depois que eu fiquei todo esse tempo desempregado e, das pessoas que conhecia, só eu que não arrumava emprego!”. Atualmente ele trabalha numa copiadora, operando máquina de xerox.
"Música é coisa séria. Tira o cara da depressão, muda o seu ânimo"Para participar do Hip Hop DJ, cada candidato(a) deve enviar uma performance gravada com duração de três minutos. Os que são classificados para as semifinais e para a final precisam montar novas performances e treiná-las para as etapas seguintes da premiação. Em 2002, quando Erick se inscreveu pela primeira vez para o campeonato, a notícia de que havia passado na pré-seleção quase o fez chorar. A sensação era a de que havia passado na faculdade. Quatro anos depois, ele chegaria ao primeiro lugar da competição. “O Hip Hop DJ, é que me fez mudar a visão do DJ e musicalmente. Cê aprende a ouvir mais coisas, igual o KL Jay fala, meu. Ele fala ‘cê tem que ouvir música, vê como o cara canta, vê como o instrumento é tocado. Até pela performance. Pra você achar uma coisa lá no meio (de uma música), você tem que ouvir a música toda’”. Hoje, ele avalia que música é coisa séria. “Tira o cara da depressão, muda o seu ânimo”.A mentalidade branca morre de medoAlém de organizar o mais importante campeonato da sua categoria, o DJ KL Jay tem se firmado como produtor de diferentes grupos e artistas de rap. As produções lançadas pelo selo pessoal do artista, o Equilíbrio, têm revelado nomes como Relatos da Invasão e Ca-Ge-Be, grupos de rap da Zona Norte de São Paulo, a mesma região do DJ.Como fonte de inspiração para tantos empreendimentos – que incluem ainda a 4P, selo, loja de roupas e salão de cabeleireiros dele e de Xis, e por onde está sendo lançada a mix tape –, KL Jaycontou com os exemplos de artistas afro-estadunidenses, como o cantor Curtis Mayfield, que entre as décadas de 60 e 70 abriu seus selos próprios, entre eles,“Windy C”, e o rapper Jay-Z, dono da Roc-A-Fella – gravadora, produtora de filmes e marca de roupa. No Brasil, o exemplo seguido foi o do rapper brasiliense GOG, dono da gravadora “Só Balanço”, criada em 1993.Quem está envolvido com hip hop tem um lado empreendedor mais presente do que normalmente se vê em outras expressões e estilos artísticos. Mesmo em Cuba, há um movimento por parte da juventude em ser autora de seus próprios eventos, em coordenar suas próprias atividades, e o governo demonstra tentar colaborar com os eventos. KL Jay revela sua opinião. “Eu acredito que nenhuma outra geração fez tanto isso quanto a geração do hip hop. O (Steven) Spielberg é diretor de cinema e tem restaurante, né? O Robert de Niro também tem o restaurante dele, e ele é ator. Mas isso nunca aconteceu tanto como com a geração do hip hop. Eu acho que isso tem a ver com uma emancipação negra também, né? Sermos donos das nossas coisas, gerar emprego, fazer o dinheiro girar...”.KL Jay não busca apoio para nenhuma de suas iniciativas, por questão de princípios. O importante, para ele, é ter liberdade para criar, é não estar vinculado a exigências alheias às suas próprias. “Passo dívida? Passo. Tô devendo? Tô. Mas o dinheiro vem de outras maneiras, meu. Vai ficar pedindo pros outros fazer? Aí fica de rabo preso, por tudo que você vai ter que cumprir, exigência de quem tá te ajudando”. A importância que ele dá a empreendimentos encampados por negros e negras na sociedade brasileira me leva a questioná-lo se achava que os Estados Unidos possuíam mais exemplos nesse campo do que o Brasil. Ele contesta. “A gente tem! Na Bahia, tem uma comunidade de mulheres que juntam dinheiro e compram a liberdade do outro escravo...”, referindo-se à Irmandade da Nossa Senhora da Boa Morte, da cidade de Cachoeira, atuante desde o século 19. “A Irmandade dos Homens Pretos tem vários terrenos aqui no centro (de São Paulo), mas não é divulgado”. Por quê? “E o medo? E o medo que o sistema tem? Cê acha que os caras não têm medo de nóis? Eu vejo os olhares, os olhares aqui na galeria... ‘Pô, mano, o cara além de ser DJ, além de fazer sucesso, o cara é dono e a loja do cara ainda tem um monte de gente que compra?’. O sistema, a mentalidade branca, morre de medo de nóis, meu’ ”.Duvido que vai ser publicado!“Eu acho que a grande revolução no Brasil vai acontecer quando a educação for democrática. Para todos. Uma educação de alto nível para todos! Educação grátis. A criança que mora no Morumbi, de 10 anos, estudar a mesma coisa que a criança que mora na favela do Buraco Quente, na Zona Sul. Aí a concorrência vai ser justa. A disputa pelos empregos, pelo mercado de trabalho, vai ser justa, honesta! Aí os valores vão começar a mudar. Inclusive os valores raciais. Mas os anglo-saxões não querem isso, os judeus não querem isso, os espanhóis, os portuguêis, os italianos, que são os donos da terra, não querem isso. Porque eles vão perder! Pode pôr! Duuuvido que vai ser publicado!”.Pai de cinco filhos, neste ano de 2008 KL Jay optou por transferir Lincoln, Jamila, Hanifah e Kaofani para escolas particulares. William, o mais velho, não está mais na escola e dedica-se à carreira de DJ. “Tenho condições que meus filhos estudem em escolas privadas, porque o ensino é melhor. Que eles vá pra escola privada! Porque amanhã eles podem mudar essa porra! Eles podem fazer o sistema virar gratuito! Eu não quero o melhor para os meus filhos, eu quero o melhor para a nação. Porque eles podem mudar a nação, entendeu?”.Rap é música de preto? Apesar de achar que a música não tem fronteiras e o talento é algo inquestionável, “(rap) é um bagulho que os preto faiz com uma força do caralho”. Por essa razão, quem está na linha de frente, é preto: Jay-Z, Tupac Shakur, Notorius BIG, Doctor Dre, NAS... “Por que a maioria dos pilotos de fórmula 1 são brancos? Porque o meio deles é esse, eles são ricos, gostam de carros, fazem os carros muito bem, sabem dirigir muito bem, é natural do meio”.Mas rap é música. O rap “não tem que construir escola, hospital...”, diz ele. O papel do rap é contribuir para a boa música do planeta.

terça-feira, 8 de setembro de 2009













Dj Primo Reportagem Especial

Alexandre Muzzilo Lopes era o nome dele. Mas todos o conheciam como Primo, DJ Primo. Filho de Dona Regina e Seu Ivan, irmão de Juliana, nascido em Curitiba, e com uma base musical vinda da própria família, recheada com muito samba, funk e soul. Desde criança, convivia em rodas de samba em festas de parentes, e até arriscava um repique e um pandeiro de vez em quando. Seu ídolo de infância? Michael Jackson. “O Alexandre sempre foi muito brincalhão, gostava de imitar os artistas, dançando. Amava o Michael Jackson. Imitava tudinho e era a sensação na família. (risos) ‘Billie Jeans’. Não podia ouvir que saia dançando”, lembra sua irmã, Juliana. Seu pai adorava mexer com caixas de som, cabos, montando e desmontando, e o filho sempre por perto, rodeando, observando, dando sinais que seu destino estaria por ali.Na escola ele conheceu o rap e o basquete. Apresentadopor seus amigos, o interesse pelo “ritmo e poesia” foi crescendo gradativamente. Formou grupo com amigos onde fazia rimas. Mas a iniciação aconteceu numa lloja no centro de Curitiba. A loja SPIN 94 era o ponto de encontro dos adoradores da cultura Hip-Hop. De dia funcionava como loja, com venda de roupas, discos e etc. De noite ela virava um estúdio de ensaio. Ali aconteciam os ensaios do grupo Black Out, um dos pioneiros do rap curitibano. Formado, inicialmente, pelo Jonathan (dono da SPIN 94), Bill e DJ KR, o grupo ensaiava três vezes por semana quando o expediente da loja acabava. Marlão, amigo dos integrantes do Black Out, estava sempre na loja e levava com ele um garoto franzino, calado e tímido, que ficava por lá até quando Marlão ia embora. Esse menino de roupas largas simples e boné que escondia o rosto foi tornando-se meio que um mascote da loja. Todos brincavam com ele. E como não sabiam seu nome, o chamavam de “o primo do Marlão”. E, de tanto o chamarem assim, acabou ficando somente “Primo”.Primo começou a ficar fascinado com os ensaios e, principalmente, com os toca-discos. Nessa mesma época, ele começou a trabalhar na SPIN 94. Quando KR não podia comparecer aos ensaios, colocavam o Primo para virar os instrumentais. Mesmo não sabendo e não tendo a técnica, ele ficava super feliz. Isso foi acontecendo cada vez com mais freqüência. A cada ensaio sua evolução era assustadora. Trazia novas propostas para as musicas, colagens e bases que ele mesmo editava em um toca-fitas. “Sim, ele tinha a manha de fazer loops com um deck de cassete incrível!”, conta Jonathan. “Seu crescimento era notável a ponto de eu ter de decidir colocá-lo no grupo, pois seu nível era bem superior ao dj atual. Que situação delicada trocar de DJ sendo que os dois envolvidos eram meus amigos. Fiz uma reunião com o KR e expliquei o inexplicável: ele seria substituído pelo tal piá que há tempos atrás nem sabia pegar direito no vinil.”, complementa. Jonathan foi o principal incentivador nesse início de carreira. Com a saída do KR, os toca-discos foram-se embora também, já que pertencia ao ex-DJ. Mas Jonathan apostou suas fichas no garoto Alexandre e, através de empréstimos de amigos e cachês de shows, conseguiu comprar um par de MKII. A partir daí foi só historia. “Primeiro show com o Primo como DJ oficial do grupo foi na abertura do show do Thaide & DJ Hum em Curitiba, no dia 8 de março de 1997, foi foda! Ele tremia pela pouca experiência de palco, imagine, quase quatro mil pessoas. Ele errou já no inicio e uma galerinha ali no pé do palco não perdoou e, em coro, gritava ‘amador, amador, amador’. Fiquei mordido, afinal ele era meu orgulho, mas eu sabia que ele tinha uma carta na manga. No meio do show eu e Bill trocaríamos de figurino e era o momento do DJ Primo fazer uma performance de scratchs e colagens que deixou todos de boca aberta. Enfim, ele destruiu e ao final eu falei no microfone ‘é isso que este menino é? Amador? Imagine quando ele for profissional!´ (risos)" .DJ Primo se tornou uma figura ativa no Hip-Hop curitibano. Mesmo com pouca idade, organizava festas memoráveis. “Peso Pesado” teve três edições, e em uma delas o Black Out foi o convidado. “Ele veio até nós e nos contratou. Eu achei muita atitude e moral de um piá do nada, vir e ter uma postura profissional que muitos adultos nunca tiveram.” Numa dessas festas, no bar Era Só O Que Faltava, Primo convidou os paulistanos DJ Nuts, Keffing, Negro Rico e Zé Gonzáles, que, impressionados com a técnica do garoto, retribuíram o convite e o levaram pra tocar em São Paulo. A partir daí a história do garoto franzino e tímido, começa a tomar o mundo. Em 2000, foi DJ da Drop Tour, com o time de skate da grife Drop Dead, e foi convidado pra abrir a final do Hip-Hop DJ, na época, o único campeonato dedicado a arte dos toca-discos no Brasil.Com diversas idas a SP, Primo foi impressionando a todos com sua técnica e simpatia. Em uma dessas ocasiões, na festa de aniversario do DJ Zé Gonzáles, um dos produtores do evento, Guigo, o viu tocar pela primeira vez e ficou chocado com a apresentação. Cismou de trazer o garoto para São Paulo. Foi a época de acontecimentos que mudaram a vida de Alexandre para sempre. A Red Bull Music Academy estava fazendo sua edição em São Paulo, e estavam por lá DJs como Cut Chemist, Babu, J.Rocc e Madlib. Nuts e Zégon o convidaram para ir no evento e por lá ele ficou, impressionando a todos, dos gringos aos brasileiros. Exatamente nesta época, o produtor Guigo, formou a Chocolate. Uma produtora/agencia com um projeto inovador: os melhores DJs do Brasil tocando a verdadeira musica Rap. A festa Chocolate estreou no club Mood com os convidados gringos que estavam no país e com Zégon, Nuts, Dubstrong e Primo como residentes. Foi a primeira residência dele em São Paulo e de lá ele tomou a cidade, firmando-se de vez. Tocou ao lado de Afrika Bambataa, Lyrics Born, fez trabalhos com Mamelo Sound System, Otto e Max B.O. Em 2003, foi chamado pelo rapper Marcelo D2 para ser o DJ oficial da turnê do disco “A Procura da Batida Perfeita” e fixou-se com o artista durante três anos seguidos, rodando o mundo. Durante esse período, porém, não parou de fazer trabalhos próprios, seja em palco, pista ou estúdio. Tocou ao lado de nomes de peso do rap alternativo internacional, como Hieroglyphics, Aesop Rock & Rob Sonic, e participou do projeto Brasilintime, sessão de improviso entre bateristas lendários (Wilson Das Neves, o nigeriano Tony Allen e Pupillo, da Nação Zumbi) e heróis do scratch (J-Rocc, Babu, do grupo Dilated Peoples).Outras paixões surgiram na vida de Alexandre. Uma delas foi a produção. Primo começou a produzir beats de muita qualidade. Produziu para Marcelo D2, MC Cindy, Helião & Negra Li, Kamau, Emicida, Subsolo, entre outros. A outra paixão foi sua mulher, Patrícia de Jesus, com quem conviveu até o fim de sua vida.Após a saída da banda de Marcelo D2, DJ Primo começou a trabalhar com Rappin’ Hood em shows e em seu programa na TV Cultura, o “Manos & Minas”. Também passou a ser figura ativa nas festas de break, tocando na Rockmaster Party e trabalhando com o Tsunami All-Stars, dos B.Boys Pelézinho, Chaverinho, Kokada, Catatau, Aranha e Neguim. Primo produzia as trilhas pros campeonatos, ajudava nas coreografias e até na vestimenta da crew. Em 2008, uma conquista inimaginável, começou a dar palestras e aulas de DJ e scratch na Faculdade Anhembi no Morumbi, apresentando para os acadêmicos, o instrumento que é um toca-disco. Infelizmente pouco tempo depois sua história foi interrompida, mas jamais será esquecida. “Ele tinha uma pressa incrível. Eu dizia ‘calma filho, tem tempo, vamos fazer isso amanhã’. E quando chegava o amanhã ele já tinha feito. Hoje entendo sua pressa. Ela foi responsável por conquistas, por realizações, por reconhecimento, por respeito, por admiração. Pelo orgulho que sinto do meu filho. Com tudo isso, nunca deixou de ser humilde, de se lembrar de todos, de desejar sempre que todos estivessem bem. Sempre foi muito família, tinha muitos projetos, muitos sonhos. Quando paro para pensar em como ele se foi cedo, penso também que cedo ele começou a batalhar para que tudo acontecesse a tempo, e foi o que aconteceu.”, finaliza Dona Regina, mãe de Alexandre

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Aarophat & Illastrate - Black Noise


Como dito por um blogueiro americano, é impressionante como todo ano surge um monte de álbuns aparentemente do nada, com artistas relativamente desconhecidos, e que acabam fazendo bastante barulho. Outra teoria, essa deste humilde escriba, é de que o rap nos EUA é que nem o samba ou o futebol no Brasil. Há qualidade em profusão, mesmo que ninguém nunca vá conhecer aquele seu vizinho camisa nove que barraria facilmente o Obina. Assim, provavelmente você nunca conheceria a dupla Black Noise, formada pelo emcee Aarophat e o beatmaker Illastrate. Mas acredite: eles barrariam sem maiores problemas muitos "medalhões" do Rap. E "Black Noise", o disco, é a prova disso.Illastrate talvez seja mais conhecido, por já ter contribuído com produções para outros nomes alternativos - a ótima Tiye Phoenix, por exemplo -, enquanto Aarophat foi descoberto por Rasco, dos Cali Agents. Segundo reza a lenda (e o release dos caras), tanto emcee quanto produtor se encontraram apenas 14 horas antes de começarem a gravar o disco. Se isso for verdade, então a química dos dois é realmente perfeita, tipo almas gêmeas feitas uma para a outra.Tudo isso porque as rimas diversificadas e o flow agressivo e confiante de Aarophat casam perfeitamente com os instrumentais imaculados do pequeno monstro que atende pelo nome de Illastrate. Após ouvir a primeira faixa do álbum, você terá a certeza: nenhum disco neste ano, quiçá nos últimos anos, foi abençoado com baterias tão boas. Não à toa, o carro-chefe da produção de Illa são as chamadas "dirty drumz", ou seja, "baterias sujas". Aliás, é clara a proeminência de caixa e bumbo no mapa dos instrumentais; os samples são relegados a segundo plano, apenas complementam o espetáculo da batida. Acredite: há muito tempo você não balançava a cabeça para um beat do jeito que irá balançar para os presentes em "Black Noise".Assim, sob o comando das caixas de Illastrate, Aarophat tem um grande desafio: um emcee apenas correto manteria o nível alto, mas um cara inspirado faria do álbum um clássico. Infelizmente, mas de forma compreensiva, o pobre rapper fica no meio do caminho. Com voz e levada bem parecidas com a de Sean Price, Aaro ainda não atingiu a mesma igualdade em termos de letras. Ainda assim, ele brilha em faixas como "Midwestkids", a carta de apresentação da dupla, com uma linha de baixo densa e um refrão cantado pelo emcee com facilidade incrível; "Watchagunnado", uma levada reggae que se apoia nas rimas intricadas de Aaro; e "Ghetto2Ghetto", a já tradicional canção tratando das agruras das classes baixas.Outros destaques incluem o pancadão supremo do disco, "Chips". As caixas são tão pesadas que sua reprodução em sistemas de som poderosos deve ser ministrada com parcimônia. "In The Trunk" é uma pororoca no meio das costas leste e oeste. O batidão pesado nova-iorquino dialoga com os sintetizadores G-Funk de uma forma impossível de se imaginar na época de Tupac Shakur e Christopher Wallace. Ah, e torça para que o refrão não grude na sua cabeça por alguns dias.Enfim, "Black Noise" é um álbum que não pode ser desprezado. O trabalho de Illastrate na produção é realmente impecável, dada a direção que ele escolheu dar e a forma como ele conseguiu executá-la perfeitamente. Não é exagero dizer que a estrela do disco é a bateria de todos os beats; todo o resto gira ao redor disso. Ainda assim, o projeto acaba não tendo nenhum single de destaque, sendo recomendado, pois, que se ouça as 14 faixas em sequência. Porém, diferente do último álbum resenhado no blog, este não é para ser apreciado enquanto relaxa. Tente coisas com mais adrenalina, como um basquete na rua, uma sessão de espancamento no irmão menor, uma corrida da polícia...